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terça-feira, 20 de outubro de 2009

Você está procurando trabalho ou emprego?


Como resultado da abertura do país ao comércio exterior e aos investimentos estrangeiros, da queda da inflação e da redução da presença do Estado, o mercado de trabalho enfrenta profundas mudanças, que se refletem no aumento da taxa de desemprego, do trabalho informal e autônomo, da produtividade do trabalho e do rendimento real das pessoas ocupadas.

Desta forma, se tornam cada vez mais raros os empregos duradouros. A mobilidade dos trabalhadores mais jovens, sobretudo da faixa etária de 20 a 24 anos, é um fenômeno contemporâneo.

Segundo dados do jornal Folha de São Paulo, apenas 23% dos profissionais norte-americanos permanecem, pelo menos, durante cinco anos no primeiro emprego. Na Finlândia, este índice é de 28%, e na Espanha, 31%. Esta alta mobilidade se deve, em partes, à globalização da economia, que requer profissionais cada vez mais antenados com as modificações do mercado, trazendo os desantenados para um mercado que cresce cada vez mais e é chamado de "economia informal", ou seja, a economia informal urbana ganha grande peso nos países menos desenvolvidos. A maioria das novas vagas são criadas neste setor, que reúne cerca de 500 milhões de trabalhadores. Em nações africanas como Gâmbia, Gana, Mali e Uganda, a economia informal chega a empregar 70% da população economicamente ativa. Sua participação é expressiva ainda em alguns países latino-americanos, como Bolívia (57%), Colômbia (53%) e Peru (51%), conforme dados de 1996 da OIT - Organização Internacional do Trabalho.

Porém, nem tudo são más notícias: paralelamente à tendência geral de encolhimento do mercado formal de trabalho, surgem novos centros de atração. De acordo com João Sabóia, autor do estudo Desconcentração industrial no Brasil nos anos 90, dois fenômenos estão ocorrendo na indústria brasileira. O primeiro é a descentralização regional, com o fortalecimento de estados com pouca tradição no setor. O outro é a migração de indústrias das capitais para o interior. "Até 1989, as capitais empregavam mais que o interior (52,8% e 47,2%, respectivamente); em 1997, a situação se inverte, com mais trabalhadores no interior (54,3%) que nas capitais (45,7%). No mesmo período, a cidade de São Paulo perde mais de 600.000 empregos industriais (queda de 43,9%), e no Rio de Janeiro são extintas 200.000 vagas, a maior redução de oferta de trabalho (45%) das grandes cidades. Novas oportunidades de emprego surgem em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, e no interior dos estados de São Paulo, do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul."

O estudo prevê também a criação de novos postos no Centro-Oeste e no Nordeste, principalmente no Ceará. As indústrias estariam fugindo de gastos mais elevados nas capitais e estariam aproveitando a melhoria da infra-estrutura no interior, especialmente de comunicações e fornecimento de energia. Por este estudo, podemos ter uma vaga idéia do que aguarda nossos filhos, o emprego tradicionalista e "carreirista" que seu pai e meu avô conheceram morreu, não há mais lugar para o funcionário que se apossa de uma cadeira (gerente, diretor etc) e fica nela até se aposentar. A nova estrutura dinâmica das relações trabalhistas requer profissionais que queiram "trabalhar", e não apenas estarem "empregados".

Tenho ouvido muitos economistas dizerem que trabalho há; o que não há é emprego para todos. E isso cada vez parece ser mais verdade, e quem não se der conta disso, estará perdido. E você está procurando o quê? Emprego ou trabalho?

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