Homens que escolhem uma carreira executiva podem partir de uma premissa: terno, camisa e gravata vão ser sua indumentária cotidiana – ou, pelo menos, a mais freqüente. As variações nesse figurino básico ficam por conta dos modelos, cores, tecidos e acessórios, em função do estilo de cada um. Seja ele qual for, entretanto, é importante estar alerta: a maneira como você se apresenta diz muito sobre você.
A ELEGÂNCIA É SILENCIOSA”
“CORES E DETALHES SÃO RUÍDOS”.
“CORES E DETALHES SÃO RUÍDOS”.
GIORGIO ARMANI
A microfibra atual, desenvolvida com altíssima tecnologia, ganhou uma textura menos artificial e mais agradável, e já figura em coleções de marcas respeitadas, como a Prada, por exemplo.
Camisas também devem ser de algodão puro. Tecidos sintéticos esquentam e não ventilam (imagine o perigo), não têm bom caimento e ficam ásperos com as lavagens.
Paletós com ombros estruturados e enchimentos compactos estão fora de moda. A tendência é uma estrutura leve, que acompanha o contorno natural do corpo, sem repuxar nem formar volume. Devem cobrir um pouco mais que o quadril (cerca de três dedos) e as mangas devem terminar onde começa a mão.
Barras: as barras viradas, conhecidas como barras italianas, combinam com calças de pregas (sociais e esportivas), confeccionadas com material mais pesado, para ter bom caimento. As barras lisas são indicadas para tecidos mais leves e/ou modelagens retas, sem pregas. Longa demais, a barra da calça achata a silhueta; muito curta, deixa as meias à mostra e tem um efeito igualmente desastroso. O ideal é que ela termine onde começa o salto do sapato.
Modelagem e detalhes
Abotoamento: os paletós de três botões estão em alta – ao contrário dos jaquetões de quatro botões, que já há muito caíram em desuso. Os jaquetões de seis botões são clássicos e formais, mas devem ser evitados por tipos mais baixos e “acima do peso”. Os paletós de quatro voltam à moda numa versão levemente acinturada. Os de dois são os mais comuns e deixam mais à mostra camisa e gravata – por isso, requerem mais cautela na escolha desses acessórios. O último botão deve sempre ficar aberto.
Pregas: segundo Helena Montanarini, da Daslu Homem, a maioria dos executivos têm uma noção inversa sobre o número ideal desse detalhe numa calça. “Quanto menos pregas, mais reto e longilíneo o visual. Por isso, as calças com apenas uma prega são as mais indicadas para as maiores barrigas”, ensina. Já as calças retas são ideais para homens magros e altos; caso contrário conferem ao portador uma aparência “atarracada”. As pregas da calça devem se manter fechadas. Se ficam “arreganhadas”, é sinal de que a calça está muito justa.
Colarinhos: rosto fino e pescoço longo pedem colarinhos mais curtos, com as pontas mais abertas, próprias para nós de gravata mais volumosos. Rostos redondos ou “gordinhos”, papadas e pescoço curto combinam com colarinhos pontudos, mais fechados, para nós de gravata mais estreitos. Os colarinhos de pontas abotoadas são mais esportivos; portanto, não tão elegantes para ocasiões mais formais. Os sem botão são mais versáteis: adaptam-se em qualquer situação. Já os colarinhos brancos com camisa de outra cor são questionáveis: há quem ache chiquérrimo, há quem ache o contrário. Portanto, se você não tem uma opinião muito firme sobre esse estilo – ou simplesmente não tem estilo -, não use.
Punhos: têm que estar sempre impecavelmente limpos, sem nenhuma ruguinha e nenhum vestígio de desgaste. Punhos duplos e caseados, para o uso de abotoaduras, têm que ser parte de um conjunto completo que compondo um visual formal e muito bem cuidado. Se não, são simplesmente over.
Lapelas: a moda atual pede lapelas mais estreitas e curtas, que acompanham modelos de abotoamento alto, deixando um pouco da camisa à mostra. O colarinho também deve aparecer na nuca, acima do paletó.
Monogramas: se aplicam à descrição acima. E somente em camisas sem bolso lateral. Bordados sobre o bolso são mais que over.
BOM CAIMENTO E QUALIDADE SÃO OS INGREDIENTES BÁSICOS DE UMA RECEITA DE MODA
Gravatas: pode-se errar muito. O melhor, para evitar equívocos mais graves, é partir de alguns princípios básicos:
Padronagens – a única coisa que deve chamar a atenção numa gravata é o bom gosto. Logo, nada de estampas exageradas, brilhos e cores vivas. As gravatas com estampas “engraçadinhas” há muito perderam a graça. Esqueça-as.
Largura – nem largas, nem finas. A moda pede aproximadamente cinco dedos de larguras na base, antes da ponta.
Comprimento – deve ser longa o suficiente para chegar – e parar – onde termina o cós da calça.
Combinações – desenhos, cores, padrões: tudo isso é informação visual. O excesso de informação vira barulho, confunde, embaralha. “A elegância é silenciosa”, ensina o estilista italiano Giorgio Armani, escolado na milenar cultura da estética de seu país. Justamente por isso, quanto mais monocromático for o traje, mais chance de ser elegante.
Até pouco tempo, a moda era terno, camisa e gravata nos mesmos tons escuros. A tendência atual mantém os ternos escuros, mas clareou as camisas e gravatas, sempre na mesma referência cromática. Por exemplo: terno cinza-escuro, camisa cinza-claro e gravata prata.
O que não invalida as combinações tradicionais, sempre em dia: camisa branca (básica e infalível), terno texturado e gravata estampada; camisa listrada, terno liso e gravata lisa ou de bolinhas; e outras propostas mais arrojadas, desde que harmoniosas.
Meias – com terno ou blazer, podem tanto ser da cor da calça (azul-marinho, cinza, bege), como da cor do sapato (marrom ou preto). Brancas, nem pensar. “Elas criam um ponto de ‘luz’ que interrompe a continuidade entre a calça e o sapato, desfigurando a silhueta”, justifica Dipa di Pietro, gerente de marketing da VR.
Sapatos – também é um terreno onde todo o cuidado é pouco. “Literalmente, é onde mais se escorrega”, analisa Dipa di Pietro. Por segurança, anote:
Sapatos sociais têm solado de couro. As solas de borrachas servem para os sapatos esportivos, mesmo que “pareçam” sociais.
Quanto menos detalhe tem, mais elegante é o sapato. É aquela mesma história do excesso de informação, lembra? Portanto, seja econômico no uso de franjas, pingentes, furinhos, fivelas etc. Pela mesma razão, para trabalhar, evite os que imitam couro de avestruz, jacaré, lagarto e outros bichos, por mais que estejam na moda.
Sapatos masculinos sociais devem ser apenas pretos ou marrons (os tons podem variar do mais escuro ao pinhão). Qualquer outra cor – inclusive azul-marinho – é suspeita.
Sapatos bicolores ficam lindos no cinema. Em O Grande gatsby ou em Os Intocáveis. Na vida real, são de alto risco.
(fonte: revista Exame)